Em alguns enunciados de DC (como o projecto relativo à criação de listas/enumerações, ou o RWNBT) é dada muita importância à exploração do papel do designer como produtor, editor e coordenador de pesquisa e conteudos. No seu briefing “Publicação própria” pretendia que explorássemos exactamente essa dinâmica. Por estas razões parece-nos fundamental perguntar-lhe qual a importância do designer como profissional associado a esse conjunto de funções?
Sofia Rodrigues (professora)—Infelizmente, o que se verifica é que o designer ainda tende a ser visto como uma espécie de “fazedor”, que tem de corresponder a um determinado intento de um editor ou de um patrão, com uma liberdade condicionada. Como professores, é natural que tentemos quebrar essa ideia, muitas vezes através de projectos que estimulem, precisamente, uma postura mais autoral. Julgo que pode ser muito salutar o confronto com enunciados que sejam suficientemente abertos à exploração de outras tarefas menos canónicas para os designers, como a escrita e a edição de conteúdos. A hipótese de poder controlar o trabalho desde a produção/angariação de conteúdos até à materialização do próprio objecto final obriga-vos a seguir um caminho (feito de pesquisa, mas também de exposição das vossas referências teóricas e visuais) que será sempre muito diferente daquele que eventualmente adoptariam, se tivessem enunciados mais limitados e que obrigassem a uma resposta mais directa. No meu entender, estas experiências são sempre muito positivas quando não são demasiado utópicas. O professor deve tentar encontrar um equilíbrio entre ambas as tipologias de projectos (os mais lineares e os mais exploratórios), embora muitas vezes tenhamos muita vontade de lançar determinados desafios só pela curiosidade de observar as vossas respostas. É muito mais interessante ter respostas imprevisíveis, e vocês é que têm de nos dizer até que ponto é que a liberdade de alguns enunciados vos assusta…