Deve sedimentar [a educação em Design de Comunicação] o entendimento do Design de Comunicação como uma actividade não meramente humana mas sobretudo humanista. O design é uma actividade enquadrada numa sociedade devendo portanto responsabilizar-se pelas consequências sociais, culturais e ambientais da sua acção.” O programa da disciplina de DCII inicia-se com a acima transcrita citação de Krzysztof Lenk, na qual o autor refere a importância do design para o bom funcionamento da sociedade na qual se insere. Tomando como ponto de partida para a nossa questão as palavras de Lenk, gostávamos de saber se ao longo dos anos que tens passado na FBAUL, te tens envolvido em projectos nos quais o design surge como ferramenta impulsionadora de um bem estar social, económico, cultural ou ambiental? Quais e Porquê?
Paulo Cruz (aluno)— Há alguma distinção entre o modo como o design é maioritariamente entendido aqui na FBAUL e a forma como eu o vejo. Dentro deste meio, o fazer design está muitas vezes interligado com a ideia de acção social e ideológica. Eu compreendo o design como um comportamento humano de resolução de problemas, no nosso caso, de problemas de comunicação; isto é, o design surge-me como uma prática em si neutra e creio que cabe a nós— e à nossa ética individual— guiar a sua utilização. Eu utilizo o design de forma a resolver problemas para os quais sou suscitado. Na faculdade respondo aos enunciados, num emprego resolverei as questões propostas por um cliente. Fora desse Universo, tenho dirigido a prática do design para a associação da qual sou membro co-fundador e que se intitula de Kosmonaus. É um grupo dedicado à ciência, à protecção ambiental e à comunicação científica; e é exactamente na última área que se dá a minha aplicação do design gráfico fora do meio académico e comercial. Utilizo a minha formação como ferramenta para levar à comunidade o conhecimento e o método científicos, de forma mais simples, tornando conceitos e realidades complexas em algo acessível e percetível.