Powers of Ten vive da grande metáfora da estrutura cósmica, inerente ao texto que nos dá mote: “A Biblioteca de Babel”, de Jorge Luís Borges. A partir desta visão, trabalhámos com o conceito de macro-escala universal e de dinâmica antagónica finito/infinito, com a procura de respostas e com a dificuldade em atingir o conhecimento absoluto. A instalação joga com a curiosidade e intuição intrínsecas a cada observador perante um conteúdo.
O jogo adensa-se quando retiramos a clareza da imagem, sempre que o observador se aproxima. Em frente à tela de projeção, colocámos uma barreira negra e perfurada; no centro desta barreira existe uma perfuração maior, que convida à observação através da mesma atraindo o público para a projeção. Um sensor de ultrassons despoleta uma primeira distorção do conteúdo; o segundo sensor exagera e complexifica ainda mais o objecto. Deste modo, colocámos o observador em permanente insatisfação, suscitando simultaneamente a sua curiosidade e impossibilitando a compreensão dos conteúdos. Com isto aludimos à complexidade do Cosmos e à frustração que experienciamos ao procurar respostas para todas as questões, gerando apenas mais e mais perguntas.