No livro A Vertigem das Listas, Umberto Eco percorre a história da humanidade através de listas: listas poéticas, listas práticas, as listas e
a forma que estas tomam. A sua lista de listas dá ordem a um conjunto disperso de referências que procuram, elas próprias, organizar, criar
relações e significados por justaposição. A enumeração, a classificação e hierarquização não são mais que processos para o desenho de trilhos do conhecimento. Conhecer é trazer para a escala do Homem aquilo que o transcende, alargar os limites do compreensível e dar uma ordem ao caos, arrumá-lo nas medidas que conhece, ter controlo.
Nesta instalação desconstruímos e arrumámos dois objectos — dois “todos” — de natureza distinta, e numa linguagem hermética e analítica, impossibilitando o seu conhecimento integral. Com isto procurámos levantar uma questão: até que ponto compreendemos mais quando é levada ao limite a ideia de desconstrução do todo em partes e a sua reorganização em padrões e sistemas artificiais ou racionais que não têm em conta a natureza caótica, heterogénea e casual do universo?