Guerra: participação ou deserção? (Vietnam, Guerra Colonial, a partir de Guerra ou Paz de Rui Simões)
Raquel Russo
Será que a deserção é feita por questões morais e políticas, ou meramente por questões pessoais?
De duas guerras em específico, Vietname e Colonial (Portuguesa), pouco se pode comparar a não ser o momento, praticamente simultâneo em que aconteceram, e de certo modo, a ignorância (quer inicial quer permanente) por parte dos soldados, das razões pelas quais lutavam. A questão da participação ou deserção não é igual para as duas guerras. Numa, devido ao regime político, os soldados foram subitamente atirados para África e forçados a combater e “defender a Pátria”. Questões acerca da legitimidade das colónias em querer a sua independência poucas vezes eram levantadas. Noutra (devido ao ingresso tão faseado das tropas Americanas) os soldados mal tiveram hipótese de se aperceber do que se estava a passar, de saber sequer onde era o Vietname, antes de subitamente não se falar de outra coisa. Os supostos valores a defender era difusos: a necessidade de impedir que o Sul do Vietname fosse “conquistado” pelo comunismo.
Olhando para um panorama geral, estes soldados ingressaram numa guerra, que no fim de contas, pouco lhes dizia respeito.