E se o livro fosse experienciado da mesma forma que o e-book? assume-se como a expressão plástica e editorial de uma inquietação muito pessoal. Apesar das divididas opiniões relativamente ao exponencial crescimento dos livros digitais e ao futuro do livro impresso, senti urgência em expor o meu desconforto perante uma indústria que, a meu ver, nos desabituará a lidar com o livro impresso, e com os rituais de leitura que a ele estão associados.
Mas afinal, o que é um livro? É um conjunto de cadernos, manuscritos ou impressos, cosidos ordenadamente, de modo a formar um volume encadernado. Estas explicações, presentes nos dicionários, não contemplam o interesse (ou falta dele) numa obra, que transcende o seu carácter formal.
E se o livro fosse experienciado da mesma forma que o e-book? transpõe os movimentos utilizados nos dispositivos digitais (ipad, kindle, computador, telemóvel, etc.) para o livro impresso, confrontando o utilizador com uma experiência absurda, que testa os limites da página ao imaginar a integração de funcionalidades como o zoom in ou o scroll. Ao apresentar o livro num tamanho demasiado pequeno para uma leitura apropriada alude-se à dificuldade de ler um livro num formato e orientação constantemente mutáveis, bem como à frustração de lidar com livros digitais.