O livro constrói-se à imagem do Livro de Areia (1975) de Jorge Luis Borges: uma manta de retalhos de outros livros com temas e propósitos tão variados como política, romance ou ciência. Sem aparente ligação, a escolha das obras procura abarcar as distintas relações entre o homem e o livro, enquanto portador do conhecimento, objecto indiferente, lugar de sonhos, etc. Este projecto constrói afinal uma ficção a partir de quatro outras e a estas é dada uma vida e matéria para além do seu universo original. A tentativa de materializar aquilo que existe apenas num discurso prende-se com a necessidade de interpretar e acrescentar significados e conteúdos num objecto. Em última instância, cada uma das obras encerra o papel da linguagem e da escrita na construção de uma identidade, e mais importante, o entendimento da realidade de cada tempo.