Encode( ) tem por pontos de partida o Livro do Génesis 11, 1-9 e o filme Babel, de Alejandro González Iñárritu.
Segundo o Génesis, após a separação fonética dos seres humanos, por castigo de Deus, tornou-se impossível a comunicação a nível universal. Contudo, na nossa pesquisa verificámos que com alguma frequência, retomamos a hipótese de uma Linguagem Universal. Se por um lado, tal não parece desejável ou possível (pela sua impossibilidade de implementação e por resultar numa perda significativa da identidade de cada território e cidadão), por outro, sabemos que o fenómeno da globalização tem dissolvido as fronteiras linguísticas (não só por dominarmos cada vez mais idiomas, mas também pela extinção de outros, agora considerados arcaicos).
Uma linguagem universal não passa de uma utopia. No entanto a linguagem matemática pode ser entendida como uma linguagem praticamente universal. Apesar de não ser possível comunicar através de números, o que sustenta a nossa ideia da linguagem matemática como linguagem universal é a noção de que os algarismos são os mesmos em qualquer local do planeta — 1 é sempre 1. E se pudéssemos de facto comunicar através de números?
O principal objectivo da nossa instalação é aferir a reacção dos intervenientes perante um meio de comunicação pouco (ou nada) eficaz. O impulso natural de comunicação sobrepõe-se à incapacidade de comunicar com sucesso?
Em Encode( ), a comunicação é efectuada através da codificação da escrita alfabética para código binário, com uma pequena alteração — os zeros são substituídos por noves, combinação numérica presente no indicativo do excerto do Livro do Génesis referente à Torre de Babel — 11, 1-9.
Quando relacionamos o imaginário da programação informática com os objectivos iniciais do trabalho, não o fazemos de ânimo leve. Numa altura em que a comunicação entre indivíduos se efectua principalmente através dos dispositivos tecnológicos, é natural que ela seja afectada pela possível deficiência (ou erro!) da máquina.