Un homme qui dort
Rosa Francisco
Em 1974, Bernard Queysanne adapta ao cinema a obra Un homme qui dort, de Georges Perec, publicada em 1967. Mais do que retratar um indivíduo, a obra retrata um momento específico na vida de uma geração e é, por esta razão, indissociável daquilo que viria a acontecer um ano mais tarde. O personagem aliena-se progressivamente da sociedade que o rodeia, imerso num profundo sentimento de descontentamento, que nada senão a acção – que nunca o vemos concretizar – pode apaziguar. É impossível não questionar onde nos colocamos, enquanto geração, em relação a este personagem; seremos nós também assim? A permanência de cada dia é marcada pela repetição de uma rotina povoada por objectos simbólicos que nos são mostrados uma e outra vez. É desses objectos e desse inconsequente vazio que se constroem as páginas seguintes.